Alopecia Fibrosante Frontal
A alopecia fibrosante frontal (AFF) é uma forma de alopecia lentamente progressiva e cicatrizante que apresenta recesso simétrico das margens frontal e temporal de implantação dos cabelos.
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Epidemiologia
Geralmente acomete mulheres na pós-menopausa com cerca de 60 anos. Alguns casos já foram relatados em mulheres pré-menopáusicas, sendo as mais jovens com 21 anos, e raramente acomete os homens.
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Etiologia
A etiologia permanece desconhecida. Mas seu início em pacientes com menopausa precoce corrobora a ideia de que mudanças hormonais podem ter um papel na etiologia. Acredita-se que os folículos pilosos do escalpo fronto-temporal, em resposta às mudanças ocorridas na menopausa, possam ser programados para a morte celular ou comecem a expressar neoantígenos que estimulem uma resposta autoimune linfócito-T mediada, levando à destruição folicular.
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Manifestações Clínicas
A alopecia fibrosante frontal caracteriza-se pelo desenvolvimento de perda de cabelo fronto-temporal, que geralmente apresenta diâmetro entre 1 e 8 cm. Muitas vezes, um pequeno número de cabelos isolados é poupado dentro da área de alopecia, achado referido como “sinal de cabelo solitário”. O recesso frontal pode progredir até a metade do escalpo ou mais, porém, a progressão da lesão é variável. Na maioria dos casos, a doença é autolimitada, mas, o grau de progressão, antes da estabilização, é imprevisível.
A pele acometida pela alopecia apresenta-se pálida e atrófica, sendo evidente o contraste entre a hipopigmentação da área afetada, e a hiperpigmentação da pele imediatamente anterior. A perda bilateral dos pelos das sobrancelhas é um achado comum, que ocorre em 50 a 83% dos pacientes, e pode acontecer antes ou depois da queda capilar. Na linha dos cabelos, é possível observar hiperceratose e coloração eritêmato-violácea em alguns orifícios foliculares. O prurido ou tricodinia podem estar presentes nesses pacientes.
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Diagnóstico
O diagnóstico é confirmado pela histologia do couro cabeludo afetado, onde se observa alopecia cicatricial com infiltrado monomorfonuclear liquenóide em infundíbulo e istmo do folículo, redução do número de folículos capilares, fibrose perifolicular, dermatite da interface folicular. Os níveis séricos de andrógenos, hormônios tireoidianos e índices hematológicos são normais. Anti-DNA e FAN podem ser positivos em baixos títulos. Achados dermatoscópicos comuns na alopecia fibrosante frontal incluem hiperqueratose folicular e eritema perifolicular.
Diagnóstico diferencial: Os diagnósticos a serem afastados incluem: alopecia areata, lúpus eritematoso cutâneo e sistêmico, alopecia por tração, alopecia androgenética, pseudopelada de Brocq. A dermatoscopia é uma ferramenta diagnóstica especialmente útil para distinguir a alopecia frontal fibrosante da alopecia areata.
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Tratamento
Devido ao caráter irreversível, o objetivo do tratamento é evitar a progressão da doença. Os tratamentos que têm sido usados incluem corticosteroides tópicos, intralesionais e sistêmicos; retinoides tópicos; isotretinoína oral; minoxidil tópico; hidroxicloroquina e finasterida. Os corticoides constituem a terapêutica de primeira linha, especialmente em estágios inflamatórios precoces, mas recaídas ocorrem quando se interrompe o tratamento. A indicação de tratamento vai depender de cada caso.